Disfunção sexual após câncer de próstata

Disfunção sexual

Desde o momento do diagnóstico até o final do tratamento do câncer de Próstata, diversos fatores podem influenciar na função sexual do homem. Aspectos psicológicos, ansiedade, medos e receios sobre tratamento afetam de forma significativa esses pacientes.

Diversas modalidades de tratamento estão disponíveis para o câncer de próstata, dentre elas, as principais são: vigilância ativa, cirurgia, radioterapia e tratamento com hormônios.

Pacientes em vigilância ativa, estão em acompanhamento rigoroso da sua doença, nessa modalidade de tratamento, os principais fatores envolvidos na disfunção sexual são psicológicos.

Pacientes submetidos a tratamentos com cirurgia e radioterapia, além dos fatores psicológicos, estão sujeitos a disfunções sexuais decorrentes de alterações nervosas e vasculares. Essas alterações serão dependentes de diversos fatores, como gravidade da doença, aspectos locais, tipo de cirurgia, capacidade de preservação dos nervos, tipo e intensidade de radioterapia.

Além desses fatores, outros não relacionados ao tratamento são importantes, como função sexual prévia, idade do paciente e problemas de saúde como diabetes, hipertensão arterial sistêmica, tabagismo e aumento de colesterol.

Entendendo o mecanismo da ereção peniana Para ocorrer a ereção peniana, é necessário que estímulos cheguem através dos nervos até a região interna do pênis, ocorrendo então a dilatação dos vasos sanguíneos e consequentemente o aumento do sangue para no interior do órgão. Esse aumento do fluxo sanguíneo juntamente com um mecanismo que impede a saída do sangue irão resultar na ereção propriamente dita.

Onde a cirurgia e radioterapia afetam a ereção?

Os nervos que chegam ao pênis passam em intimo contato com a próstata e durante a cirurgia é necessário à sua manipulação. Em casos de doenças extensas, essas estruturas nervosas podem estar comprometidas pelo câncer, sendo necessário à sua retirada juntamente com a próstata. Mesmo quando é possível preservar esses nervos, realizando uma “cirurgia poupadora de nervos”, eles podem sofrer alterações devido ao calor gerado pelos instrumentos cirúrgicos e pela tração das estruturas.

Assim como os nervos, os vasos sanguíneos que chegam ao pênis, passam em intimo contato com a próstata, sendo passíveis de lesão ou alterações pela manipulação durante a cirurgia. Com isso, o paciente pode evoluir com dificuldade de encher o pênis com sangue ou de manter o sangue no interior do órgão.

Os mesmos problemas podem ser resultantes da radioterapia, uma vez que emite energia em direção a próstata, podendo ocorrer lesões tanto nos nervos quanto nos vasos sanguíneos próximos da próstata.

A maioria dos pacientes que evoluem com disfunção erétil após o tratamento de câncer de próstata evolui gradativamente com recuperação da função sexual pré cirurgia, geralmente ao longo das semanas ou meses seguintes. Sendo que a maior parte dos pacientes recupera nos primeiros 12 a 18 meses, embora alguns possam recuperar mais lentamente.

Com objetivo de melhorar a função sexual dos pacientes após o tratamento do câncer de próstata, diversos medicamentos ou instrumentos podem ser utilizados.

Essa abordagem da disfunção erétil é denominada “Reabilitação Peniana” e é um meio de ajudar e tentar acelerar a recuperação das ereções desses pacientes. Portanto, os benefícios e os riscos da reabilitação peniana devem ser discutidos com seu médico, levando em conta os fatores comentados anteriormente.

Os métodos utilizados são:

– Melhora do hábito de vida: Praticar atividade física, perda de peso, controle dos problemas de saúde e alimentação saudável.

– Ereções por estimulo sexual: Tentar ereções com estimulo sexual habitual.

– Ereção a vácuo: através de uma bomba peniana cria-se um vácuo sobre o pênis, acarretando o enchimento de sangue no interior do órgão e proporcionando ereções sem uso de medicamentos.

– Medicações orais: são medicamentos que promovem a dilatação dos vasos e o aumento do fluxo de sangue para o pênis.

– Medicações injetáveis: são medicamentos injetados diretamente no pênis, sendo um dos remédios de melhor resultado, pois não necessita do estimulo nervoso para seu efeito.

Embora muito efetivo, também pode trazer efeitos colaterais importantes, devendo ser prescrito e ter a dose corrigida pelo especialista.

O uso desses métodos isolados ou associados pode melhorar a função sexual, permitindo o paciente ter ereções melhores e mais precoces após tratamento do câncer de próstata. O momento de usar cada um deles, quando associar e quando iniciar tratamentos mais invasivos, deve ser discutido com cada paciente, pois depende de vários fatores, assim como das expectativas e angústias dos pacientes.

Compartilhe esse post
Facebook
LinkedIn
WhatsApp
Categorias
 
Artigos mais recentes

Dr. Tiago

Mierzwa

– Mestre em Clínica Cirúrgica pela Universidade Federal do Paraná

– Coordenador dos Serviços de Andrologia do Hospital Nossa Senhora das Graças e Hospital Universitário Cajuru

– Membro Professor do Departamento de Andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia

– Membro da Sociedade Brasileira de Urologia/ American Urological Association/ International Society for Sexual Medicine/ Sociedade LatinoAmericana de Medicina Sexual

– ABEMSS/ Confederación Americana de Urologia/ Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida